Corpo maduro dança?

01/09/2025

Sim. E não apenas pode, como deve. A ideia de que a dança é exclusividade da juventude ainda persiste em muitos ambientes, mas não encontra respaldo técnico nem prático. O corpo maduro continua plenamente capaz de aprender, se movimentar com consciência e desenvolver coordenação, força e mobilidade. O que muda é a abordagem, não o potencial.

A partir dos 40, 50, 60 anos (ou mais), as necessidades do corpo se transformam. Há alterações hormonais, redução de massa muscular, mudanças no metabolismo e nos padrões articulares. Mas isso não significa limitação. Significa que o trabalho técnico precisa respeitar esse corpo e se adaptar a ele com inteligência.

No Estúdio de Ballet e Danças Cisne Negro, é comum receber alunas que retomam a dança depois de muitos anos ou que começam pela primeira vez já na maturidade. Para essas mulheres, a dança oferece algo muito objetivo: uma forma de se reconectar com o próprio corpo, melhorar postura, ativar musculaturas profundas, ampliar a mobilidade e treinar equilíbrio, habilidades essenciais para manter a qualidade de vida ao longo dos anos.

Modalidades como o ballet clássico, o yoga e jazz, são especialmente eficazes nesse sentido. Trabalham sustentação, respiração, controle postural e coordenação motora. Além disso, oferecem estímulo cognitivo: memorizar sequências, manter ritmo e alternar lados exige atenção e organização mental.

Outro benefício é a recuperação da confiança corporal. Muitas mulheres que chegam à maturidade sentem que perderam contato com o próprio corpo. A dança devolve essa escuta. O trabalho técnico bem orientado fortalece não apenas músculos, mas também percepção e segurança no movimento. Isso se reflete em atividades cotidianas.

É importante lembrar que a dança não precisa ser performática para ser válida. A maturidade traz um tipo de presença que não está na velocidade nem na amplitude do gesto, mas na precisão, no controle e na consciência de cada movimento.

Para quem nunca dançou, começar nessa fase da vida pode ser uma experiência transformadora. E para quem já teve contato com a dança no passado, o retorno pode trazer novas camadas de entendimento, agora com mais escuta, técnica e consistência.

Dançar é uma prática que se adapta. O que importa não é o corpo idealizado, é o corpo disponível, presente e disposto a se mover. E esse corpo pode estar em qualquer fase da vida.