Ballet clássico, danças urbanas e contemporâneo: o que acontece quando diferentes linguagens se encontram

29/06/2025

Por muito tempo, a formação em dança foi pensada em compartimentos: ballet é técnica, jazz é energia, danças urbanas são expressão de rua, contemporâneo é experimentação. Mas a dança, como o corpo, nunca foi feita de caixinhas. Ela se transforma, contamina, cruza territórios. E é justamente nesses encontros que surgem novas possibilidades: mais livres, mais autênticas, mais complexas.

No Estúdio de Ballet e Danças Cisne Negro, essa convivência entre estilos não é uma exceção: é parte da proposta. Porque o corpo que aprende mais de uma linguagem também aprende mais sobre si. O que se desenvolve no ballet — precisão, consciência postural, presença cênica — não se perde quando se dança hip hop. Ao contrário: vira base, referência, ponto de partida. Assim como a liberdade do contemporâneo não elimina a estrutura, mas desafia seus limites.

A riqueza está justamente nas passagens. Quando uma aluna que cresceu nas sapatilhas experimenta o groove das danças urbanas, algo muda. A escuta muda. A relação com o chão muda. Quando um dançarino das ruas entra em contato com a organização formal do ballet, novas possibilidades de potência e controle se abrem. E o contemporâneo, com sua abertura radical para o erro, para a instabilidade, para o gesto não previsto, costura esses mundos com a liberdade de quem não precisa escolher um só caminho.

Mais do que formar corpos “multitarefa”, essa multiplicidade forma artistas mais conscientes. Corpos capazes de adaptar, improvisar, dialogar. Corpos que não se prendem a um único sotaque, mas que criam sua própria voz dançante.

No fim, a pergunta não é mais “qual estilo você faz?”, mas sim “como seu corpo pensa, sente, responde?”. E essa resposta nunca será simples, porque a dança, quando realmente vivida, também não é.